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26 de Abril de 2024
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    Criminalidade juvenil abala a segurança na Região Norte

    Com lágrimas nos olhos, o tenente-coronel Eduardo Valles, comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar de Joinville, perdeu a fala após um desabafo sobre o alto grau de estresse por que passam os policiais. “Nossa profissão é muito estressante, atendemos 15 mil ocorrências por mês ligadas efetivamente à Polícia Militar, as outras dizem respeito à Polícia Civil, mas somos cobrados a resolver também estes casos. Fazemos um serviço muito bom se comparado a nossa estrutura”.

    A discussão foi um dos destaques de mais uma audiência pública organizada pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa, na noite desta quinta-feira (02), na Câmara de Vereadores de Joinville. O encontro enumerou os problemas enfrentados pela segurança pública nas regionais dos municípios de Jaraguá do Sul, Corupá, Schroeder, Massaranduba, Guaramirim, Joinville, Araquari, Barra Velha, Balneário Barra do Sul, Garuva, Itapoá, São Francisco do Sul e São João do Itaperiú.

    Valles ressaltou, ainda, que o problema da segurança pública não reside somente na falta de armas ou de viaturas, mas em políticas públicas que precisam ser trabalhadas de forma a cuidar dos jovens, principais vítimas e causadores de violência, em especial no que se refere ao uso e tráfico de drogas. “Sou pai de adolescentes e sinto o tipo de sociedade na qual vivemos. O problema da insegurança pública não é da Policia Militar. O que fazer com esses jovens? Todos falam que precisam de educação. Mas que tipo de educação é esta? Estou convicto de que precisamos livrar nossos jovens de se depararem com policiais munidos de escopetas e revólveres”.

    O comandante citou alguns números e destacou que o menor de 20 anos já responde por 50% da criminalidade no país. “Dos 800 presos por semestre, em Joinville, de 40% a 50% são jovens menores de 20 anos”.

    Eduardo Valles foi aplaudido e parabenizado pelo deputado Gilmar Knaesel (PSDB), presidente da Comissão de Segurança Pública. O parlamentar lembrou que esta é a primeira vez que a comissão promove reuniões por todas as regiões do estado e abre debates para buscar soluções nesta área.

    Principais problemas

    Sobrecarga dos policiais, consumo e tráfico de drogas, ociosidade dos jovens, falhas na educação, falta de delegacias especializadas e legislação inadequada foram os problemas destacados pelos representantes da Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros presentes na audiência.

    De forma geral, a segurança pública da região Norte foi avaliada de forma satisfatória, com um índice de confiabilidade da população nas instituições policiais de 70%.

    Segundo Dirceu Augusto Ferreira Júnior, delegado Regional de Policia Civil de Joinville, outra questão que contribui para o aumento de ocorrências na região é o fato de fazer fronteira com o Paraná e funcionar como porta de entrada de drogas e armas.

    “A migração constante provoca vários problemas sociais e estruturais, por estar tão próxima ao Paraná”, completou o tenente-coronel Cesar Roberto Nedochetko. O número de efetivo é, para ele, também um problema. “Em Joinville, existem 183 policias militares para atender uma população de 600 mil habitantes, e 1.282 para atender os 13 municípios da região”.

    O sistema carcerário foi apontado pelo tenente-coronel Adilson Michelli, comandante do 17º Batalhão da PM, como uma preocupação. “Temos um complexo carcerário de, aproximadamente, 2 mil presidiários, que voltarão a conviver no nosso meio. Trabalhar a prevenção, repressão e recuperação é um dever. Precisamos nos atentar para estes casos”.

    Para o subcomandante do Corpo de Bombeiros de Joinville, Gustavo Prim, a maior dificuldade enfrentada se refere ao tempo de atendimento. Ele solicitou mais veículos e ambulâncias para a corporação.

    Parcerias

    O secretário de Proteção Civil e Segurança Pública, Alvir Antonio Schneider, representou o prefeito Carlito Merss (PT) e discursou sobre os investimentos do município em centros de recuperação de usuários de drogas e a legislação que não dá tratamento efetivo ao tema, citando ainda as parcerias do executivo com instituições ligadas à segurança. “Procuramos ser parceiros no trabalho das polícias e conselhos de segurança, e tratar o sistema carcerário. A parceria das associações comerciais também é muito importante. Se todas as questões de segurança pública fossem fáceis de resolver, os países mais desenvolvidos já teriam encontrado soluções. O Brasil tem trazido uma série de experiências de outros países”, completou.

    A ajuda das Secretarias e Ministério Público foi apontada pelo presidente dos Conselhos de Segurança Comunitários de Joinville (CONSEG), Thiago Luiz Beltrome, como uma necessidade.

    O deputado Sargento Amauri Soares (PDT) concordou que é preciso solucionar o problema das drogas. “Se não estancarmos o afã dos adolescentes de acreditar que o sonho de conseguir as coisas se dá através das drogas, estaremos perdidos. Precisamos, também, da ajuda dos órgãos federais para fazer barreiras de apreensão de drogas, armas e contrabando”.

    O parlamentar frisou a importância de investir no sistema prisional e lembrou que a questão da segurança pública começou a melhorar desde o ano passado, em razão dos investimentos que estão sendo feitos.

    Estiveram presentes, na audiência, o deputado Kennedy Nunes (PSD), o delegado de Polícia, Rodrigo Bueno Gusso, o delegado Regional de Polícia, Dirceu Augusto Siveira Júnior, e o diretor de Policia do Litoral, Artur Nitz, representando o delegado geral da PM, Aldo Pineiro Bastos. (Michelle Dias)

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