Educação superior é reivindicada em região rural do Oeste
Discutir a implantação de um Instituto Federal de Educação na região Oeste foi o objetivo de audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (09). Promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto, o debate ocorreu no Assentamento José Maria, município de Abelardo Luz.
A pedido dos dirigentes do MST, a audiência foi presidida pela deputada Luciane Carminatti (PT), vice-presidente da comissão. Conforme a parlamentar, a vinda ao assentamento busca levantar as necessidades dos agricultores da região e de suas famílias, especialmente no que se refere à reforma agrária. Estamos aqui para garantir a implantação do IF e de todos os recursos materiais necessários para sua efetiva concretização.
Altair Lavratti, diretor estadual do MST, esclareceu que o processo de luta para a implantação do IFSC iniciou no ano passado, quando a presidente Dilma Rousseff afirmou que haveria expansão de institutos federais por todo o país. Indicamos o assentamento José Maria, em Abelardo Luz, por abrigar um número elevado de famílias e jovens que vivem nesta região. Já contamos com escola de nível médio com ênfase na agroecologia e de laboratórios e alojamentos. A expectativa é de que os órgãos competentes nos ajudem na conclusão deste processo.
Do debate com a sociedade, gerado durante a audiência, Lavratti espera que surjam encaminhamentos para o Ministério da Educação e Cultura (MEC). Queremos provar a importância elementar do processo de conhecimento e manutenção das famílias no campo. Não queremos que nossos jovens caiam no subemprego.
De acordo com o chefe da unidade avançada do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Sérgio Aozani, existem 1.500 famílias assentadas em Abelardo Luz e mais de 400 em Passos Maia, município vizinho. São centenas de jovens que terão oportunidade de qualificação técnica para manterem-se no campo e garantirem a prosperidade da região.
O Incra cederá o espaço e continuará atuando como gestor dos assentamentos. Aozani lembrou que há 27 anos começou o processo de reforma agrária para colocar na região Oeste mais de 4 mil famílias. Temos material humano de sobra para trazer um instituto federal e preparar as pessoas, principalmente para as questões voltadas ao campo e à produção de alimentos agroecológicos. É importante a descentralização da educação para que possamos diminuir os problemas decorrentes da superpopulação urbana.
Encaminhamentos
Criar uma comissão para discutir e articular assuntos ligados ao tema; documento com cartas de apoio das entidades presentes a ser enviado ao MEC; audiências junto ao Ministério da Educação e com o reitor do IFSC, Francisco Sobral, foram as propostas levantadas durante a audiência.
Luciane Carminatti aproveitou a oportunidade e propôs a criação de uma moção de apoio aos servidores e professores do Instituto Federal, em greve.
Municípios beneficiados
Segundo Altair Lavratti, a construção de um Instituto Federal neste local não se limita a servir apenas ao pessoal dos assentamentos. O Grande Oeste, desde Joaçaba, Catanduvas, Ponte Serrada, Passos Maia até Dionísio Cerqueira, será beneficiado. Todos os jovens interessados neste espaço educacional poderão utilizá-lo.
O auditório do assentamento ficou repleto de famílias da região, integrantes do Movimento sem Terra, e famílias de comunidades indígenas que se manifestaram a favor da implantação de um instituto de educação superior gratuito e de qualidade.
A maioria não teve oportunidade de concluir nem mesmo os estudos fundamentais e espera que seus filhos e netos tenham melhores condições de vida e educação.
Apoiadores presentes
A diocese de Abelardo Luz, representada pelo padre Genuíno Begnini, é uma das apoiadoras deste processo de implantação e integradora da comunidade. Segundo o pároco, a melhor coisa que aconteceu nesta região foi entregar terras de latifundiários paranaenses e gaúchos, improdutivas, aos trabalhadores sem terra. A diocese se coloca a serviço para dar apoio à concretização do IFSC.
Antonio Inácio Andreolli, reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), disse que a instituição também tem como base movimentos sociais e acredita que o IFSC soma-se às universidades federais. Desta forma, somos apoiadores e, junto ao MST e à Via Campesina, nos colocamos à disposição para ajudar na implantação do IFSC em Abelardo Luz. Precisamos fortalecer a escola pública. Precisamos inaugurar um novo jeito de fazer agroecologia. Este é um movimento que vem da sociedade para a academia. Com a implantação de um instituto federal aqui, temos a opção de fazer o contrário e construir conhecimento. Para isso, é fundamental a expansão da educação.
Josete Maria Pereira, pró-reitora do Instituto Federal Catarinense de Blumenau, pronunciou-se com a preocupação de que a construção de um centro educacional para a região precisa de muita responsabilidade. Essa política de acesso e inclusão deve tratar da educação de jovens e adultos. É muito importante trabalhar a mobilização e a autoestima dos adultos, a integração com seus filhos.
Segundo a pró-reitora, o IFSC de Blumenau dará todo o apoio para que a implantação se concretize com muito cuidado.
Também estiveram presentes na audiência o prefeito de Abelardo Luz, Diomar Fontenelle; a secretária de Cultura da cidade, Jucélia de Quadros; José Carlos Brancher, representante do Instituto Federal Catarinense de Blumenau, e a coordenadora do MST da região, Irma Brunetto. (Michelle Dias)
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