O século XXI será da Psicologia, garante pesquisador
O pesquisador Wanderley Codo, doutor em psicologia, previu que da
mesma forma que o século XX foi dominado pela Física, o XXI será pela
Psicologia. Codo foi escolhido pelo Sindicato dos Psicólogos de Santa
Catarina (SinPsi) para trocar ideais com os profissionais da
categoria a propósito da passagem dos 50 anos de regulamentação da
profissão, comemorado nesta segunda-feira (27), no Plenarinho Paulo
Stuart Wright da Assembleia Legislativa. A iniciativa da homenagem partiu da deputada Ana Paula Lima (PT).
Para Codo, os tempos atuais enfatizam fortemente a subjetividade e
priorizam as emoções. Hoje está nas mãos do psicólogo a solução da
maior parte dos problemas que afligem a humanidade, mas é claro que
não estamos preparados para isso, declarou. Ele afirmou ser comum que
áreas do conhecimento que se estabeleceram recentemente passem por
crises de identidade. A psicologia é uma adolescente, está tudo por
fazer. Ainda dá para torcer o pepino, comparou Codo.
Em tom satírico, ele afirmou que o psicólogo não diz ao paciente a que
veio, não sabe qual problema tem, não tem ideia do que fazer, não tem
certeza se o tratamento vai dar certo, nem quanto tempo vai durar. E
as pessoas ainda pagam pelos nossos serviços, declarou, arrancando
gargalhadas da plateia. Mas pagam porque precisam, completou,
enfatizando a responsabilidade do profissional de responder por uma
demanda social estabelecida e crescente.
O lugar do psicólogo
Codo defendeu que a dificuldade de organização dos psicólogos, em
sindicatos, por exemplo, deriva de circunstâncias objetivas. Ele
explicou que uma classe profissional é reconhecida pelo lugar que
ocupa no mundo da produção. Entretanto, segundo Codo, os psicólogos
são diferentes entre si e ocupam lugares distintos. O psicólogo
clínico não faz a mesma coisa que o psicólogo que atua na escola,
afirmou.
Jornada de trabalho
O pesquisador criticou a iniciativa de institucionalizar uma jornada
de trabalho de 30 horas para os psicólogos. A jornada de trabalho
acabou, ninguém mais tem, o psicólogo muito menos, explicou. De
acordo com Codo, pode ocorrer de o profissional ter um insight quando
assiste à novela, em casa, longe do consultório, e relacionar o
comportamento de uma personagem com o do paciente. Não dá para
aplicar ao psicólogo a mesma lógica do trabalho de fábrica, não vai
dar certo.
Cuidador
Para o pesquisador, o psicólogo é um cuidador de pessoas e está
sujeito, no exercício da sua profissão, de fadiga por compaixão.
Os sintomas dessa fadiga são despersonalização e baixo
comprometimento profissional. A compaixão é bela, dá prazer e também
produz dor, mas a psicologia não pode ser exercida sem ela, afirmou.
(Vitor Santos)
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